Pantanal é terra de exageros,
tudo é imensidão, horizonte, magia. Por três anos esperamos ansiosamente por esse
campo, e chegando lá, logo percebemos o porquê. Somos inundados por vida, que
nos envolve em todas as esferas. Palavras tornam-se vazias numa tentativa de
descrever. Porém, é terra também de contrastes. Em meio á tanta exuberância e
riqueza, mora um povo humilde e simples, que com sabedoria leva uma vida que
supre suas necessidades, criando um vínculo com o meio capaz de promover sua
própria conservação. Sua cultura é rica, seus conhecimentos vastos. Esta região
vem sofrendo cada vez mais como vítima da expansão de fronteiras agrícolas e
pecuárias, nela causando ampla devastação. Dessa forma, o pantanal, abrigo pra
diversas espécies e povos, alguns a beira de extinção, está sendo ameaçado gradativamente.
Arara azul (Anodorhynchus hyacinthinus). Especie ameaçada de extinção |
Durante toda a excursão fui sensibilizada
com esses pensamentos. Vemos que o Pantanal não recebe a atenção devida. Numa
visita que fizemos ao Parque Nacional da Serra da Bodoquena, sentimos isso na
pele. Ao longo das trilhas, paisagens maravilhosas e peculiares, numa mistura
entre cerrado, mata atlântica e caatinga. Ao seu redor, infinitas fazendas, sufocando a
biodiversidade, inclusive as comunidades indígenas ali instaladas. Uma
alternativa para a população que vive na região é investir no turismo, muitos
abrem pequenos negócios e pousadas, ou trabalham em agências maiores,
gerenciadas em geral por estrangeiros. Só tivemos um contato com turismo no
último dia (além dos jeeps de safári que passavam por nós nas estradas) em que
visitamos a Fazenda São Francisco, especializada em agroecoturismo, sendo ela
também proprietária de criação de gado. Aqui tivemos a oportunidade de ver a
lucratividade desse eixo, e vivenciar algo até então inédito: a naufrágio da
chalana.
"Bela Serra de Maracaju Seus mistérios quero traduzir Descobrir as lendas e memórias De cada légua que te percorri" Almir Sater |
Por fim gostaria de expressar
aqui minha opinião a respeito do campo. Como muitos sabem, é sempre uma
incógnita se o ano que vem terá ou não o famoso “Campo do Pantanal”. Fico muito grata se ter tido a oportunidade de
vivenciar tudo o que esse campo me proporcionou. Creio que ele é de extrema
importância para nós, como futuros ecólogos, não só como alunos da disciplina
de ecologia de populações. Através dele temos novas percepções e prévias de
como será nossa vida/missão como profissionais. Mas ele nos acrescenta não só
como profissionais, mas como pessoas também, nos tornamos mais unidos, mais
sensíveis, pacientes... Enfim, desejo a todas as turmas seguintes a mesma experiência
que tive.
Formação dente de cão no Parna Serra da Bodoquena
Vegetação encontrada associada á formação dente de cão, caracterizada por bromélias terrestres, cactus e pequenas árvores retorcidas.
Cena do titanic pantaneiro
Turma em terra firme
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