sábado, 8 de junho de 2013

Depoimento da Sara

Pantanal é terra de exageros, tudo é imensidão, horizonte, magia. Por três anos esperamos ansiosamente por esse campo, e chegando lá, logo percebemos o porquê. Somos inundados por vida, que nos envolve em todas as esferas. Palavras tornam-se vazias numa tentativa de descrever. Porém, é terra também de contrastes. Em meio á tanta exuberância e riqueza, mora um povo humilde e simples, que com sabedoria leva uma vida que supre suas necessidades, criando um vínculo com o meio capaz de promover sua própria conservação. Sua cultura é rica, seus conhecimentos vastos. Esta região vem sofrendo cada vez mais como vítima da expansão de fronteiras agrícolas e pecuárias, nela causando ampla devastação. Dessa forma, o pantanal, abrigo pra diversas espécies e povos, alguns a beira de extinção, está sendo ameaçado gradativamente.
Arara azul (Anodorhynchus hyacinthinus). Especie ameaçada de extinção


Durante toda a excursão fui sensibilizada com esses pensamentos. Vemos que o Pantanal não recebe a atenção devida. Numa visita que fizemos ao Parque Nacional da Serra da Bodoquena, sentimos isso na pele. Ao longo das trilhas, paisagens maravilhosas e peculiares, numa mistura entre cerrado, mata atlântica e caatinga.  Ao seu redor, infinitas fazendas, sufocando a biodiversidade, inclusive as comunidades indígenas ali instaladas. Uma alternativa para a população que vive na região é investir no turismo, muitos abrem pequenos negócios e pousadas, ou trabalham em agências maiores, gerenciadas em geral por estrangeiros. Só tivemos um contato com turismo no último dia (além dos jeeps de safári que passavam por nós nas estradas) em que visitamos a Fazenda São Francisco, especializada em agroecoturismo, sendo ela também proprietária de criação de gado.  Aqui tivemos a oportunidade de ver a lucratividade desse eixo, e vivenciar algo até então inédito: a naufrágio da chalana.
"Bela Serra de Maracaju
Seus mistérios quero traduzir
Descobrir as lendas e memórias
De cada légua que te percorri"
Almir Sater

Por fim gostaria de expressar aqui minha opinião a respeito do campo. Como muitos sabem, é sempre uma incógnita se o ano que vem terá ou não o famoso “Campo do Pantanal”.  Fico muito grata se ter tido a oportunidade de vivenciar tudo o que esse campo me proporcionou. Creio que ele é de extrema importância para nós, como futuros ecólogos, não só como alunos da disciplina de ecologia de populações. Através dele temos novas percepções e prévias de como será nossa vida/missão como profissionais. Mas ele nos acrescenta não só como profissionais, mas como pessoas também, nos tornamos mais unidos, mais sensíveis, pacientes... Enfim, desejo a todas as turmas seguintes a mesma experiência que tive.
Formação dente de cão no Parna Serra da Bodoquena

Vegetação encontrada associada á formação dente de cão, caracterizada por bromélias terrestres, cactus e pequenas árvores retorcidas. 

Cena do titanic pantaneiro

Turma em terra firme


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