sábado, 8 de junho de 2013

Depoimento: Cezar (Pardal)

Uma vez em um congresso de zoologia eu ouvi o depoimento de um ministrante de mini-curso, ele também era consultor, e disse o seguinte: “Se as empresas que nos pagam pela consultoria soubessem que eu faria isso com o maior prazer do mundo e de graça elas não me pagariam o que elas pagam para fazê-lo hahaha”. É ai que eu paro para pensar, como pode um cientista ser totalmente imparcial em seus artigos e publicações sendo que ele trabalha muitas vezes com o que ama?
Brasil, Mato Grosso do Sul, Aquidauana, Pioneiro, foi o inicio de uma grande viagem de campo tinha muitas coisas como outra qualquer, métodos a serem aplicados, cadernetas a sem feitas e entregues para serem avaliadas, horários a serem cumpridos, poucas horas de sono, e caminhada muita caminhada. Mas ela não foi uma viagem ordinária foi surpreendente em meio a procedimentos que pareciam naturais para nós e que muitas vezes eram executados sem reflexão muitas vezes subjetivamente eram postas situações nas quais podíamos refletir sobre o que estávamos fazendo e como, simplesmente fazer por fazer? Era algo que nos foi ensinado durante boa parte da viagem, em momentos como o questionário no inicio do campo, nas quais nenhuma das perguntas era direta, todas nos faziam pensar nem que fosse um pouco, ou em momentos como os documentários sobre pinguins no ônibus, aliado ao antigo incidente do raro Spheniscus pantanensis vulgo Pinguim do Pantanal hahahaha. Mas o melhor é que nada era óbvio, tudo foi deixado para que nós pudéssemos pensar e refletir da maneira que cada um quisesse trazendo, em minha opinião, um grande aprendizado.
No quesito natureza não tem nem o que reclamar, nunca vi tantas espécies em um curto espaço de tempo, e paisagens magníficas como a Bodoquena, o rio Paraguai, o maciço do Urucum e uma mistura de paisagens alagadas com cerrado e trechos de mata, a quantidade de aves avistadas e seus diferentes formatos e cores era de deixar qualquer ornitólogo com inveja, para mim a possibilidade de ver muitas espécies só observadas por mim atrás de grades de zoológicos, ou na tela da TV em documentários ou mesmo em sites de avifauna, foi indescritível, os mais marcantes para mim foram ambos Busarellus nigricollis (Gavião Belo) e Urubitinga urubitinga (Gavião Belo).
Também ouve um grande aprendizado na parte acadêmica, adquirido por nós; muitos dos meus companheiros de campo me disseram: “Quando vim para o campo mal sabia identificar um Sabiá, agora já sei inúmeros nomes científicos e como procurar aves no guia de campo”. Sem contar a evolução exponencial na nossa maneira de organizar os dados do campo na caderneta, a maneira que foi feita, ajudava muito no aprendizado de forma que a cada dia e a cada caderneta íamos evoluindo em um quesito diferente na tentativa de organizar nossos dados o melhor possível.
E por fim os momentos de descontração e as grandes amizades feitas naquela semana que para a minha pessoa jamais serão esquecidos, até as partes onde tudo parecia ter dado errado como o incidente da chalana, onde mesmo após todo o ocorrido ainda podia se ver sorriso no rosto de muitos e tudo no final virou uma grande piada.  Por fim, em minha opinião, a viagem de campo para o Pantanal com ecologia de populações é algo que todo ecólogo deveria passar!
Cezar Gonçalves Inácio



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