Uma vez em um congresso de
zoologia eu ouvi o depoimento de um ministrante de mini-curso, ele também era
consultor, e disse o seguinte: “Se as empresas que nos pagam pela consultoria
soubessem que eu faria isso com o maior prazer do mundo e de graça elas não me
pagariam o que elas pagam para fazê-lo hahaha”. É ai que eu paro para pensar,
como pode um cientista ser totalmente imparcial em seus artigos e publicações
sendo que ele trabalha muitas vezes com o que ama?
Brasil, Mato Grosso do Sul,
Aquidauana, Pioneiro, foi o inicio de uma grande viagem de campo tinha muitas
coisas como outra qualquer, métodos a serem aplicados, cadernetas a sem feitas
e entregues para serem avaliadas, horários a serem cumpridos, poucas horas de
sono, e caminhada muita caminhada. Mas ela não foi uma viagem ordinária foi
surpreendente em meio a procedimentos que pareciam naturais para nós e que
muitas vezes eram executados sem reflexão muitas vezes subjetivamente eram
postas situações nas quais podíamos refletir sobre o que estávamos fazendo e
como, simplesmente fazer por fazer? Era algo que nos foi ensinado durante boa
parte da viagem, em momentos como o questionário no inicio do campo, nas quais
nenhuma das perguntas era direta, todas nos faziam pensar nem que fosse um
pouco, ou em momentos como os documentários sobre pinguins no ônibus, aliado ao
antigo incidente do raro Spheniscus
pantanensis vulgo Pinguim do Pantanal hahahaha. Mas o melhor é que nada era óbvio, tudo foi deixado
para que nós pudéssemos pensar e refletir da maneira que cada um quisesse
trazendo, em minha opinião, um grande aprendizado.
No quesito natureza não tem nem o
que reclamar, nunca vi tantas espécies em um curto espaço de tempo, e paisagens
magníficas como a Bodoquena, o rio Paraguai, o maciço do Urucum e uma mistura
de paisagens alagadas com cerrado e trechos de mata, a quantidade de aves
avistadas e seus diferentes formatos e cores era de deixar qualquer ornitólogo
com inveja, para mim a possibilidade de ver muitas espécies só observadas por
mim atrás de grades de zoológicos, ou na tela da TV em documentários ou mesmo
em sites de avifauna, foi indescritível, os mais marcantes para mim foram ambos
Busarellus nigricollis (Gavião Belo) e Urubitinga urubitinga (Gavião Belo).
Também ouve um grande aprendizado
na parte acadêmica, adquirido por nós; muitos dos meus companheiros de campo me
disseram: “Quando vim para o campo mal sabia identificar um Sabiá, agora já sei
inúmeros nomes científicos e como procurar aves no guia de campo”. Sem contar a
evolução exponencial na nossa maneira de organizar os dados do campo na
caderneta, a maneira que foi feita, ajudava muito no aprendizado de forma que a
cada dia e a cada caderneta íamos evoluindo em um quesito diferente na
tentativa de organizar nossos dados o melhor possível.
E por fim os momentos de
descontração e as grandes amizades feitas naquela semana que para a minha
pessoa jamais serão esquecidos, até as partes onde tudo parecia ter dado errado
como o incidente da chalana, onde mesmo após todo o ocorrido ainda podia se ver
sorriso no rosto de muitos e tudo no final virou uma grande piada. Por fim, em minha opinião, a viagem de campo
para o Pantanal com ecologia de populações é algo que todo ecólogo deveria
passar!
Cezar Gonçalves Inácio
Cezar Gonçalves Inácio
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